“Respeitar o potencial de uma criança
significa valorizá-la como ela é,
com suas qualidades e limitações.”
A infância é um período de vida com
características peculiares e que deve ser preenchida com atividades próprias a
ela. Nessa fase, as crianças desenvolvem necessidades e interesses, e a
dedicação quase exclusiva, dada pelos pais, no processo educacional infantil
deve promover um desenvolvimento emocional saudável nas suas relações humanas.
Não é para menos que as raízes de nossa vida emocional estão fincadas no
terreno da infância. As ligações emocionais da criança com a mãe e o pai são,
portanto, o primeiro passo vital em seu desenvolvimento emocional saudável.
Achamos significado na vida porque sabemos
que alguém nos ama do jeito que somos e estamos. Por isso, podemos dizer que
quem ama, além de cuidar e ser responsável deve respeitar a pessoa amada. Quem
ama respeita. Só encontramos valor na vida quando sabemos que alguém nos ama do
jeito que somos. Respeitar significa confiar e valorizar o outro assim como ele
é.
A confiança precede o respeito. Se não
confiarmos em alguém, também não lhe daremos ouvidos ou crédito. Além disso, só
podemos confiar em nós mesmo quando vivenciamos, nas nossas primeiras
experiências de vida, atos de confiança para conosco.
Em seus primeiros contatos com a vida,
a criança observa tudo o que acontece a sua volta. Sua capacidade de percepção
do mundo é muito intensa e extensa. Essas percepções levam-na a tirar as
próprias conclusões do que vê e vivencia, tendo como norte para o seu
comportamento o desejo de ser respeitada e valorizada pelos membros da família.
Criança que pensa
Quando os pais confiam em seus
filhos, demonstram nas ações do dia a dia que se importam com eles. E quando isso ocorre, param para
escutá-los. E quando os pais escutam, criam as condições necessárias para que
os filhos possam se sentir seres humanos capazes de contribuir de maneira
responsável com a vida.
Dessa forma, nossos filhos aprendem
a acreditar em si mesmos, pois as suas ações e idéias são valorizadas e
respeitadas por seus pais. Isso desenvolve um clima favorável e encoraja a ação
dos filhos, pois os mesmos sabem que serão respeitados nas suas iniciativas e
idéias.
Compreende-se então, que a criança
não pode jamais, ser vista como mero receptor ou refletor do pensamento alheio.
Ela pensa, sente, vive, tem dúvidas e hipóteses sobre o ocorrido no dia a dia.
Suas experiências são bases seguras de aprendizagem. O importante para a
criança é aprender com as tentativas e dúvidas. Os pais, juntamente com os
professores, são as pessoas que deverão criar as circunstâncias favoráveis para
que isso aconteça, não desprezando o potencial do filho ou aluno.
Há pais que insistem em humilhar
seus filhos, achando que os estão educando, mas, ao analisarmos de perto suas
ações, percebemos que não passam de atos de egoísmo e narcisismo.
Um pai de 40 anos pede que o filho, de 10
anos, lave o carro. Feliz, o filho começa a lavar, como qualquer garoto de 10
anos. Ao acabar o serviço, o menino com o senso de dever cumprido, comunica ao
pai a finalidade da tarefa. Ao ver o carro lavado “daquele jeito”, o pai diz: “
Você não faz nada direito, isso é jeito de se lavar um carro? Você não presta
para nada mesmo!”
Essa maneira de se relacionar
com o filho, demonstrar uma profunda falta de respeito, visto que a criança não
tem obrigação de lavar o carro com a mesma eficiência do pai. O desempenho
adequado da criança, a sua excelência, nada mais é do que é, a cada ação, e não
melhor do que o outro (o pai, o irmão, etc.)
Respeitar o potencial de uma
criança significa valorizá-la como ela é, com suas qualidades e limitações.
Significa considerá-la como ser humano único e especial, que vive, pensa, e
sente, dentro de uma determinada realidade dinâmica, de um mundo em eterna
mutação, e com os mesmos direitos que nós adultos temos de realizar tarefas.
Mas, ter direitos semelhantes não significa que a criança possa fazer o que os
adultos fazem, da maneira como fazem. Cada membro da família tem um desempenho
um desempenho diferente nas suas relações familiares. E cada um tem o direito
de ser respeitado dentro do seu potencial e da sua capacidade. Somente quando
acreditamos, ou seja, confiamos no potencial da criança e em sua capacidade, é
que podemos demonstrar respeito por ela.
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