quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Quem ama, respeita!!



“Respeitar o potencial de uma criança significa valorizá-la como ela é,
com suas qualidades e limitações.”

          A infância é um período de vida com características peculiares e que deve ser preenchida com atividades próprias a ela. Nessa fase, as crianças desenvolvem necessidades e interesses, e a dedicação quase exclusiva, dada pelos pais, no processo educacional infantil deve promover um desenvolvimento emocional saudável nas suas relações humanas. Não é para menos que as raízes de nossa vida emocional estão fincadas no terreno da infância. As ligações emocionais da criança com a mãe e o pai são, portanto, o primeiro passo vital em seu desenvolvimento emocional saudável.
       Achamos significado na vida porque sabemos que alguém nos ama do jeito que somos e estamos. Por isso, podemos dizer que quem ama, além de cuidar e ser responsável deve respeitar a pessoa amada. Quem ama respeita. Só encontramos valor na vida quando sabemos que alguém nos ama do jeito que somos. Respeitar significa confiar e valorizar o outro assim como ele é.
       A confiança precede o respeito. Se não confiarmos em alguém, também não lhe daremos ouvidos ou crédito. Além disso, só podemos confiar em nós mesmo quando vivenciamos, nas nossas primeiras experiências de vida, atos de confiança para conosco.
        Em seus primeiros contatos com a vida, a criança observa tudo o que acontece a sua volta. Sua capacidade de percepção do mundo é muito intensa e extensa. Essas percepções levam-na a tirar as próprias conclusões do que vê e vivencia, tendo como norte para o seu comportamento o desejo de ser respeitada e valorizada pelos membros da família.

Criança que pensa
                    Quando os pais confiam em seus filhos, demonstram nas ações do dia a dia que se importam com  eles. E quando isso ocorre, param para escutá-los. E quando os pais escutam, criam as condições necessárias para que os filhos possam se sentir seres humanos capazes de contribuir de maneira responsável com a vida.
            Dessa forma, nossos filhos aprendem a acreditar em si mesmos, pois as suas ações e idéias são valorizadas e respeitadas por seus pais. Isso desenvolve um clima favorável e encoraja a ação dos filhos, pois os mesmos sabem que serão respeitados nas suas iniciativas e idéias.
            Compreende-se então, que a criança não pode jamais, ser vista como mero receptor ou refletor do pensamento alheio. Ela pensa, sente, vive, tem dúvidas e hipóteses sobre o ocorrido no dia a dia. Suas experiências são bases seguras de aprendizagem. O importante para a criança é aprender com as tentativas e dúvidas. Os pais, juntamente com os professores, são as pessoas que deverão criar as circunstâncias favoráveis para que isso aconteça, não desprezando o potencial do filho ou aluno.
               Há pais que insistem em humilhar seus filhos, achando que os estão educando, mas, ao analisarmos de perto suas ações, percebemos que não passam de atos de egoísmo e narcisismo.
               Um pai de 40 anos pede que o filho, de 10 anos, lave o carro. Feliz, o filho começa a lavar, como qualquer garoto de 10 anos. Ao acabar o serviço, o menino com o senso de dever cumprido, comunica ao pai a finalidade da tarefa. Ao ver o carro lavado “daquele jeito”, o pai diz: “ Você não faz nada direito, isso é jeito de se lavar um carro? Você não presta para nada mesmo!”
               Essa maneira de se relacionar com o filho, demonstrar uma profunda falta de respeito, visto que a criança não tem obrigação de lavar o carro com a mesma eficiência do pai. O desempenho adequado da criança, a sua excelência, nada mais é do que é, a cada ação, e não melhor do que o outro (o pai, o irmão, etc.)

                Respeitar o potencial de uma criança significa valorizá-la como ela é, com suas qualidades e limitações. Significa considerá-la como ser humano único e especial, que vive, pensa, e sente, dentro de uma determinada realidade dinâmica, de um mundo em eterna mutação, e com os mesmos direitos que nós adultos temos de realizar tarefas. Mas, ter direitos semelhantes não significa que a criança possa fazer o que os adultos fazem, da maneira como fazem. Cada membro da família tem um desempenho um desempenho diferente nas suas relações familiares. E cada um tem o direito de ser respeitado dentro do seu potencial e da sua capacidade. Somente quando acreditamos, ou seja, confiamos no potencial da criança e em sua capacidade, é que podemos demonstrar respeito por ela.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

MÃES MÁS

Um dia quando o meu filho for crescido o suficiente para entender a lógica que motiva um pai, eu hei de dizer-lhe:
Eu te amei o suficiente para ter perguntado: onde vais, com quem vais, e a que horas regressarás a casa.
Eu te amei o suficiente para ter insistido que juntasses o teu dinheiro e comprasses uma bicicleta para ti, mesmo que eu tenha tido hipótese de comprá-la para ti.
Eu te amei o suficiente para ter ficado em silêncio e deixar-te descobrir que o teu novo amigo não era boa companhia.
Eu te amei o suficiente para te fazer pagar a bala que tiraste da mercearia, e dizeres ao senhor: "Eu peguei isto ontem e queria pagar".
Eu te amei o suficiente para ter ficado em pé, junto de ti 2 horas, enquanto limpavas o teu quarto; tarefa que eu teria realizado em 15 minutos.
Eu te amei o suficiente para te deixar ver: fúria, desapontamento e lágrimas nos meus olhos.
Eu te amei o suficiente para te deixar assumir a responsabilidade das tuas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.
Mais do que tudo eu te amei o suficiente para te dizer não quando eu sabia que me irias odiar por isso. Essas eram as mais difíceis batalhas de todas.
Estou contente, venci, porque no final vocês venceram também.
E qualquer dia, quando os teus filhos forem crescidos o suficiente para entenderem a lógica que motiva os pais, tu vais lhes dizer quando eles te perguntarem se a tua mãe era má... "que sim, era má, era a mãe mais má do mundo".
As outras crianças comiam doces pela manhã,mas nós tinhamos de comer cereais, ovos e torradas.
As outras crianças ao almoço bebiam Pepsi e comiam batatas fritas, mas nós tínhamos de comer carne, legumes e frutas.
E, não vais acreditar, a nossa mãe obrigava-nos a jantar à mesa, bem diferente das outras mães também.
A nossa mãe insistia em saber onde nós estávamos a todas as horas. Era quase uma prisão.
Ela tinha de saber quem eram os nossos amigos, e o que nós fazíamos com eles.
Ela insistia que lhe disséssemos que íamos sair por uma hora, mesmo que demorássemos só uma hora ou menos.
Nós tínhamos vergonha de admitir, mas ela violou as leis de trabalho infantil. Nós tínhamos de lavar a louça, fazer nossas camas, lavar nossa roupa, aprender a cozinhar, aspirar o chão, esvaziar o lixo e todo o tipo de trabalhos cruéis.
Eu acho que ela nem dormia à noite a pensar em coisas para nos mandar fazer.
Ela insistia sempre conosco para lhe dizermos a verdade, e apenas a verdade. Na altura em que éramos adolescentes, ela conseguia ler os nossos pensamentos. A nossa vida era mesmo chata.
A mãe não deixava os nossos amigos tocarem a buzina para nós descermos.Tinham de subir, bater à porta para ela os conhecer.
Enquanto toda a gente podia sair à noite com 12, 13 anos, nós tivemos de esperar pelos 16.
Por causa da nossa mãe, nós perdemos imensas experiências na adolescência. Nenhum de nós, nenhuma vez esteve envolvido em roubos, atos de vandalismo, violação de propriedade, nem fomos presos ou advertidos por crime nenhum. Foi tudo por causa dela.
Agora que já saímos de casa, nós somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o nosso melhor, para sermos "maus pais", tal como a nossa mãe foi.
Eu acho que este é um das males do mundo de hoje:
Não há suficientes Mães Más.
(Por Dr. Carlos Hecktheuer, Médico Psiquiatra)